ONZE DE SETEMBRO
No dia 11 de Setembro de 2002, através dum canal de televisão brasileiro (RBS - Rede Brasil Sul), assisti a um documentário, produzido por dois irmãos franceses, sobre os acontecimentos de há um ano no bairro onde se situava o World Trade Center.
Filme sem preocupações estéticas, narra o que foi aquele dia para um quartel de bombeiros da área. Documentário e tão-só, realista como todo o documentário que se preze desse nome.
Documentário comovente, por isso mesmo perigoso. É preciso vê-lo com distanciamento, bem como às ocorrências que são o seu objecto, para evitar opiniões marcadas pelo preconceito.
Quem semeia ventos colhe tempestades, diz o povo. E a Administração Bush filho, bem como todas as outras que têm seguido uma política isolacionista, nada tem feito para promover a paz e a concórdia no mundo. Pelo contrário, o proteccionismo exacerbado dos seus exclusivos interesses, pressionado pelo próprio interesse da máquina industrial-militar, vai criando inimigos por todo o planeta e proporcionando o desenvolvimento do terrorismo que diz querer combater.
Com grande lucidez, um cronista do jornal brasileiro "Diário Catarinense", edição de 12 deste mês, afirma: "Ganha sentido e triste coerência a rejeição de tratados importantes para a sociedade humana, como o Tribunal Penal Internacional, o Protocolo de Kyoto, o Convénio sobre a Tortura e o Tratado sobre a Erradicação das Minas Terrestres. A vaia aos Estados Unidos na Conferência da Terra, em Joanesburgo, tem o simbolismo de indicar como reage a maioria do planeta diante dessa postura imperial norte-americana".
Com a devida vénia ao autor, subscrevo e, sem querer ser cínico, acrescento: não nos admiremos com os "casos" World Trade Center que já houve ou possa haver (façamos para que não). E mais: não me parece que os inocentes, que são as maiores se não as únicas vítimas, agradeçam as homenagens folclóricas. A maior e mais sentida homenagem que se lhes pode fazer é a procura honesta de um caminho para a Paz - também ela incluída no processo de globalização.