DESCULPA PROCURAR-TE
Entre ontem e hoje, dias 8 e 9 de Fevereiro, respectivamente, no mailing list do painel "eu sou jornalista" do site www.eusou.com apareceram dois pedidos, por parte de colegas no masculino, de companhias femininas com determinadas características: um, pretendia um perfil com óculos, intelectual e que gostasse de beber um copo de vinho tinto na zona da Expo ao fim do dia; o outro procurava alguém que sentisse o apelo da Natureza, mochila às costas, sem medo de se sujar na areia ou desmanchar o penteado à chuva. Tais pedidos tiveram uma primeira reacção pública que, com a devida vénia e sem correcções de forma, transcrevo como ponto de partida desta crónica, ainda que ela possa ser consultada em jornalista@eusou.com, referência "[jornalista] sos amizade". Desculpem lá a franqueza mas estou a achar o maximo os SOS amizade queandama circular por aqui...tal qual a net Amizade-fiquei maravilhada!!!! :)Desde amigas com oculas, a amigas despoeiradas...precisa-se de amigas!
Simsenhor, os nobres colegas do sexo masculino começam a saber expor ossentimentos... Folgo em saber. E depois dizem que a classe anda com a rolha na boca ou na pena...
Isto é que é comunicação!!! Continuem, e se chegarem a vais de facto vão~escrevendo~...
Era engraçado era os camaradas fazerem circular os anuncios tb aqui no eusoujornalista...
Deixo saudaçoes e avés jornalisticos
É verdade... É curioso... É estranho como não se imaginava que o jornalista, antes de o ser, é pessoa, um ser vivo, dotado de carne e sangue - confirmado nos que ficam em coberturas arriscadas, infelizmente tantos, muitas das vezes explorados nessa entrega generosa em favor forçado dos que buscam, assim, sem pejo, captar audiências, aumentar as vendas, fazer subir os lucros... Dá que pensar que um "SOS" a uma companhia seja necessário para fazer compreender que o jornalista tem uma caneta e um bloco, ou um portátil e um celular mas, como homem, também possui sentimentos, emoções, desejos, angústias, sonhos, solidão, necessidade de partilha, de confronto de ideias, com o direito de escolher o interlocutor à medida das suas afinidades.
É pena que andemos distraídos em relação a estas coisas tão chãs, tão distantes uns dos outros que uma proposta de encontro num mundo de desencontros possa ter como eco uma chacota ácida que sugere, até, que a haver "vias de facto" (vias de facto em relação a quê, pergunta a minha curiosidade, a minha ingenuidade ou a minha crassa mediocridade mental) a haver as tais "vias de facto", sejam quais forem as vias e os factos, isso deveria ser trazido para a praça pública, ser exposto aos olhares gulosos de quem só encontra sentido para a vidinha no estreito voyeurismo acorrentado de big brothers. Habituados, como estamos já, à disseminação dos pedidos e ofertas de contactos íntimos, em páginas e, mesmo, Órgãos especializados nesse tipo de comércio, ainda que, assim o espero, com o devido respeito pelos que pagam os impostos com o trabalho nesses media, não admitimos a perversidade da necessidade de tentar ser feliz, procurando uma companhia com verrugas no nariz, que goste de leite azedo, se compraza na exploração dos esgotos de Lisboa ou possua qualquer outra peculiaridade inédita ou estranha. E se outra intenção houver, encapotada ou expressa, fica ao critério do potencial receptor aceitar o desafio ou ignorá-lo.
Agradeço a lição do desassombrado comentário transcrito no início e, embora não esteja credenciado para tal, resta-me dizer, em nome destes proletários de S. Valentim, entre os quais me incluo, "desculpa procurar-te".
