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APARAS DE ESCRITA: MASSACRE VERSUS MASSACRE

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segunda-feira, janeiro 28, 2002

MASSACRE VERSUS MASSACRE

A toda a criança que tenha hoje 4 anos, seja ela americana ou afegã, inglesa ou paquistanesa, francesa ou iraquiana, portuguesa ou angolana, ou de quaisquer outras nações, povos ou regiões do planeta, assiste o direito de poder vir a constar na História, quando tiver a minha idade (54),como alguém que conseguiu ser melhor cidadão do mundo do que eu e os da minha geração fomos. Mas isso só é possível se a deixarmos viver.
O terrorismo, independentemente dos objectivos e da bandeira, não é a forma de resolver os problemas de fundo da sociedade actual; do mesmo modo que o não é o ataque indiscriminado e cego a populações inocentes. No quadro de uma cruzada de chacina, esse tipo de ataques visa, em grande parte, apesar das "boas intenções" apregoadas, colher benefícios políticos locais, bem delimitados, tentando acabar "trabalhos" de resultados ainda não totalmente conseguidos, na óptica dos seus realizadores.
A segurança dos cidadãos pode estar em perigo em NY sob a ameaça de suicidas fundamentalistas, islâmicos ou não, e também o estará em Cabul sob a ameaça dos bombardeiros americanos e europeus; mas a divisão do mundo entre os maus muçulmanos e os bons ocidentais, mais do que artificial, é abusiva.
Qualquer atentado à vida é um crime - e o crime existiu. Mas a justiça, por mais tosca e subjectiva que seja, não pode passar pelo aproveitamento emocional, económico, militar, geo-estratégico ou político do próprio crime. A justiça tem de ancorar no apuramento, isento e sem margem para dúvidas, de responsabilidades e de responsáveis, com base na apresentação de provas inequivocamente fiáveis. A não ser assim, o julgamento é uma farsa, uma prepotência, e a injustiça daí decorrente pode conduzir a resultados ainda mais hediondos do que os do próprio crime. Os acontecimentos recentes, para além de crime lamentável, são uma chamada de atenção para a (des) ordem mundial que impera no início do sec. XXI. E, para além da preparação de uma gigantesca operação punitiva que pode durar anos e atingir algumas dezenas de países, conforme foi anunciado (= ameaçado) pelos EUA, não se viu ainda que a comunidade internacional, no seu conjunto, tenha mostrado coragem para reflectir sobre as causas e o significado dos atentados à América - que, de resto, podem estender-se a outros países da parte do mundo que se considera a si própria civilizada. Aliás, a recuperação da ideia, radical e maniqueísta, de que "quem não é por nós é contra nós", alardeada por J. W. Bush, pretende, por um lado, avisar e captar para a sua causa (esfera de influência / dependência) os indecisos ou tíbios; e, por outro, impedir um debate sério sobre os acontecimentos. A exploração emocional levada a cabo pelos meios de comunicação faz o resto. E alguns medea portugueses compram, assumem e difundem a ideia. Ainda recentemente uma rádio, cujo nome omito por decoro, impediu o entrevistado general Loureiro dos Santos de falar sobre "os danos colaterais da retaliação" e de expor o seu raciocínio quanto à "necessidade de ir ao fundo das questões" e de procurar "as raízes que estão na origem do atentado".
A fome, a doença, a ignorância, o desnível entre uma ostensiva e arrogante riqueza de uma minoria e a miséria mortal imposta a uma maioria, o desvio do investimento no desenvolvimento solidário em favor da tecnologia industrial militar, ponta de lança da manutenção de privilégios de elites, é o caldo onde nascem os extremismos, dos extremistas e de quem os acoita - sendo certo de que quem os acoita o faz, muitas vezes, mais por oportunismo do que por uma convicção de afinidades emergentes de uma revolta compreensível.
Para mudar o estado de coisas, pode optar-se por uma política de terra queimada, já de si duvidosa quanto à sua consecução em certas morfologias de terreno, tentar não deixar pedra sobre pedra do outro lado da barricada para, depois, reconstruir com planos de ajuda que permitam manter os princípios defendidos pelas bombas; é o caminho para, em breve, se voltar ao tudo como dantes. Outra via está na mão das maiorias silenciosas: dos que nada têm, logo, nada têm a perder, e dos que, mesmo tendo alguma coisa a perder, pouco ou muito, em bens materiais ou afectivos, preferem não vender a alma ao diabo e podem exigir a discussão do tema, até às últimas consequências, na praça pública, com todos os intervenientes, olhos nos olhos, sem preconceitos nem inibições.
Estarão as maiorias silenciosas interessadas em falar alto? E a praça pública será um espaço livre, ou estará já ocupada pelos blindados (para defesa, claro, de alguns direitos de alguns humanos)?

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