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APARAS DE ESCRITA: A ESCREVER A GENTE NÃO SE ENTENDE

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terça-feira, janeiro 22, 2002

A ESCREVER A GENTE NÃO SE ENTENDE



Escrever, por mais informal que seja o objectivo, aconselha a que se tenha cuidado, quer na forma (para que nos consigam ler), quer na construção da própria palavra (ortografia).
Por razões que me parece não precisarem de explicação, quem se dirige a desconhecidos ou expõe ao público por meio da escrita tem um acréscimo de responsabilidade, e daí que o necessário rigor obrigue a uma especial atenção. Permitam-me que destaque alguns exemplos do quotidiano, exemplos triviais que reflectem o desconhecimento quanto aos preceitos da nossa Língua.
"Pudim françês". Assim mesmo, com a dispensável e irritante cedilha que escapa por contaminação da palavra "França", é frequente encontrar-se em ementas de todos os preços e géneros. Dei com uma num hotel de quatro estrelas, no Porto, e numa pizaria, em Lisboa.
"Estado cívil", em vez de "civil", por semelhança com "cível" (relativo ao direito civil), lê-se em dezenas de cartas de candidatos a emprego que, deste modo, se apresentam logo com uma má imagem.
Nas obras em curso na estação do Rossio, Lisboa, há um cartaz no tapume do estaleiro com o aviso de que "é proíbida a entrada a pessoas estranhas á obra" - outra dança de acentos, desta vez um a mais e outro ao contrário, respectivamente.
Por sua vez, quem desce a Rua Garrett, também em Lisboa, fica estupefacto com uma faixa de pano a todo o tamanho da frontaria dos antigos Armazéns do Chiado que elucida o transeunte sobre o aproveitamento do espaço que está a ser recuperado: "25,000 m2 de escritórios e restaurantes". Tal e qual - vinte e cinco vírgula zero zero zero metros quadrados, ou seja, vinte e cinco metros quadrados destinados a escritórios e restaurantes. Sabendo que esta área corresponde a um quadrado de cinco metros de lado, assusta-nos a tendência mórbida para reduzir cada vez mais o espaço físico destinado a cada cidadão. É verdade que todos nós já estagiámos para mini-micro na generalidade dos transportes colectivos, em número suficiente de praias, em bastantes apartamentos, em demasiadas casas de comida. Mas isso não basta para podermos imaginar quantas pessoas (e como) vão caber em escritórios e restaurantes que, no conjunto, ocuparão vinte e cinco metros quadrados... E, já agora, é lícito perguntar qual o destino que será dado à restante superfície dos referidos Armazéns. A não ser que os tais "25,000 m2" tenham a vírgula a mais, na imitação tola do que fazem os Americanos por razões que a eles dizem respeito...
Voltamos às ementas, desta vez desenhadas em toalhas de papel coladas nas esquinas ou nos vidros das portas, e reparamos no "cozido há portuguesa" que literalmente significa "cozido existe portuguesa", isto é, não significa nada. Noutra versão disponível oferecem-nos "cosido à portuguesa"; não espanta, nesta sociedade de diversificação da venda, encontrar em restaurantes produtos confeccionados com agulha e linha, como indica a palavra "cosido" com "s".
Enquanto se vai escrevendo assim o Português, as paredes enchem-se de frases anglo-saxónicas, das obscenas (geralmente bem escritas) às mais puras, como "Isabel love Carlos"; esta é uma expressão tradicionalmente mal escrita, em que a falta do "s" em "love" conduz à tradução sem sentido "Isabel amor Carlos".
Não defendo a benevolência de aceitar que se escreva incorrectamente nas Línguas estrangeiras. Seja em que Língua for, a oração deve expressar de forma tão perfeita e fiel quanto possível a elaboração do pensamento. Mas se nos outros idiomas se pode perceber e justificar alguma menor exactidão, na nativa escrever com aprumo é dever de cidadania. E isto nada tem a ver com estilo rebuscado nem com palavras "caras".
Lembro-me sempre de um aviso em letras gordas pintadas num muro de Vila Nova de Cacela, povoação entre Tavira e Vila Real de Santo António: "É proibido mijar contra esta parede". Simples, gramaticalmente irrepreensível, poderá não ser de salão mas serve os objectivos em Português escorreito, sem duplicidades, e fere menos do que adromecer em sima da cela qoando ce ânda a cava-lo.

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