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APARAS DE ESCRITA: CRÓNICA PARA UMA ELEIÇÃO ANUNCIADA

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quarta-feira, abril 20, 2005

CRÓNICA PARA UMA ELEIÇÃO ANUNCIADA

Aconteceu o que os jornais recentes da maioria do planeta, alguns apoiados em opiniões de vaticanologistas, deixavam transparecer - e alguns garantiam - como tendo a maior probabilidade de ocorrência. Ao mesmo tempo aconteceu o que temiam os sectores mais progressistas da Igreja - Católica e não só: ao reaccionário Karol Wojtyla sucedeu o ultra reaccionárío Joseph Ratzinger.
A verdadeira Igreja de Deus não ganha com a escolha; o Concílio Vaticano II sai ainda mais enfraquecido; os Cristãos encontram razões para ficar divididos e motivos de apreensão quanto ao futuro do ecumenismo.
Afinal, ganha e fica fortalecida a empresa Vaticano, SA, como lhe chama o jornalista inglês David Yallop no seu livro "Em Nome de Deus".
Yallop analisa aí em pormenor a morte de Albino Luciani, que ficou na História como João Paulo I, e cujo pontificado durou pouco mais de um mês, vítima que foi de envenenamento badalado pela imprensa mundial e nunca desmentido de forma convincente pelos senhores do Vaticano.
Se João Paulo I, antecessor de João Paulo II, tivesse prosseguido o seu papado, que, aliás, não queria, a Igreja Católica de hoje e, porventura, toda a Igreja Cristã poderia ser substancialmente diferente, mais consentânea com a realidade do mundo em que se insere, sem, no entanto, ter tido necessidade de abjurar princípios fundamentais do Cristianismo.
Mais do que isso, se João Paulo I tivesse prosseguido o seu papado, teriam sido afastadas do Vaticano bastantes figuras implicadas em corrupção e outras versões de imoralidade, já de si repreensíveis em simples leigos, quanto mais em gente da Igreja. Cody, o cardeal de Chicago, comprometido com a extrema direita da política americana, e o Cardeal Marcinkus, ex-presidente do Banco do Vaticano, envolvido com a Máfia num dos maiores escândalos financeiros do século XX que levou à falência do Banco Ambrosiano, são apenas duas dessas figuras do cortejo longo de indesejáveis. Na pessoa de João Paulo II todos eles encontraram apoio e protecção. Com a pessoa de Bento XVI todos eles vão continuar incólumes perante a justiça civil (já que a religiosa tem visão selectiva).
O cardeal Ratzinger, decano do Colégio dos Cardeais, foi o mais directo colaborador de João Paulo II, seu confidente e substituto quando a doença se intensificou. Dele pode dizer-se com toda a propriedade que sempre foi mais papista que o papa.
Enquanto Prefeito da Congregação da Doutrina da Fé, um órgão do Vaticano descendente da Inquisição e cuja função é "defender os pontos da tradição cristã que parecem estar em perigo por causa das novas e inaceitáveis doutrinas", publicou no ano 2000 um documento chamado "Domine Jesus" em que declarava que "somente a Igreja Católica possibilita a salvação eterna". Assim mesmo, sem constrangimentos. Os constrangimentos vieram das outras Igrejas. Sobre tal afirmação, o teólogo Hans Kunig, que fora seu colega como professor da universidade alemã de Tubingen, disse que "a declaração do ex-Santo Ofício (Inquisição) é uma mescla de atraso medieval e mania da grandeza".
Vetou, vetou e vetou, entre muitas outras coisas e sempre com o beneplácito de João Paulo II: a Teologia da Libertação, pelos pobres e pela reforma agrária, nascida na América Latina nos anos 60; o acesso ao sacerdócio das mulheres; o casamento entre homossexuais; o casamento dos padres; o sacramento da comunhão dado aos divorciados; a clonagem humana; o uso do preservativo; a música rock; a entrada da Turquia na União Europeia.
Logo a seguir à morte de João Paulo II falou-se, para entreter e criar notícia, na possibilidade de eleger um papa de África ou da América Latina; adiantou-se o nome de um nigeriano e de um brasileiro, respectivamente. Vários países fizeram a sua promoção doméstica, em particular na América do Sul. Só quem esteve desatento ou não percebeu o que foi o reinado de João Paulo II poderia acreditar em tal. O Vaticano não quer uma igreja dos pobres, uma igreja que crie algum contencioso, por menor que seja, com os financeiros, os industriais, os grandes proprietários de terras.
O Vaticano, enquanto dá "bons conselhos" às nações ricas e pede paciência e oração às nações pobres, pisca o olho ao capital. Se acreditarmos que são principalmente os pobres quem o sustenta, percebe-se que será mais lucrativo ser sustentado pelos menos pobres e remediados do que pelos miseráveis. É por isso que a escolha do cardeal alemão não foi um acaso e muito menos uma inspiração: resultou de uma decisão estratégica bem definida, apoiada numa simples constatação aritmética - nos últimos anos, mais de 2 milhões de alemães, descontentes com a doutrina de Roma, deixaram de frequentar a sua igreja católica, ou, em termos mais prosaicos, mais de 2 milhões de cidadãos com bom poder de compra, incomensuravelmente maior do que os de África e América do Sul, deixaram de pagar.
A igreja de Cristo, aqueles mais pobres e mais desfavorecidos por quem Jesus se interessou em particular, esses continuarão com a sua fé, a sua presença e os seus magros recursos a alimentar o fausto de uma igreja voltada para os negócios terrenos (leia-se fortunas), que propõe para os problemas terrenos soluções desligadas da realidade dos nossos novos tempos, e insistindo na manutenção de doutrinas assentes em dogmas decretados por homens que viveram há muitos séculos atrás, de acordo com as necessidades da igreja dessa época.
É claro que Cristo nada tem a ver com a instituição que, abusivamente, usa o seu nome; e Deus, na sua sabedoria de Espírito Santo, por certo não interfere com os planos dos homens, e muito menos em assuntos papais.

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