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APARAS DE ESCRITA: MACHISMO, FEMINISMO E GESTOS INDIGESTOS, OU DIA INTERNACIONAL DA MULHER

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terça-feira, março 08, 2005

MACHISMO, FEMINISMO E GESTOS INDIGESTOS, OU DIA INTERNACIONAL DA MULHER

Mais de 30.000 mulheres começam amanhã, em São Paulo uma marcha mundial para dar a conhecer a "Carta Mundial das Mulheres". Esta caminhada simbólica deverá percorrer 53 países antes de chegar, a 17 de Outubro, ao Burkina Faso.
"Correio da Manhã", Lisboa, 7 de Março de 2005.

Comemora-se nesta data o Dia Internacional da Mulher. A uma primeira vista, cínica, a ideia mestra parece ser: se a mulher passa o ano a ser agredida física, mental e espiritualmente, conceda-se-lhe, então, um diazito de descanso para receber umas flores, ouvir uns poemas e ser tema de uns tantos colóquios e debates; fica bem, desanuvia, ocupa pessoas que procuram enganar o tédio e... não se fala mais no assunto...
Mas nem tudo isto corresponde à verdade objectiva e subjectiva. Algumas das flores têm espinhos traiçoeiros, alguns dos poemas são rimas de pé quebrado, alguns dos colóquios e debates não passam de um desenrolar inconsequente de lugares comuns ou um manual de afirmações sem sentido por falta de fundamento. No outro polo, há muita gente bem intencionada no processo de denúncia e de luta contra a desigualdade de oportunidades, embora raramente se consiga ir além daquilo que o sistema permite, e que é a fronteira do recuperável em benefício do próprio sistema. Quanto à questão da agressão constante, as estatísticas da polícia, dos hospitais, dos advogados, dos tribunais e as conversas de corredor e de escada confirmam agressões. Muitas agressões.
Mas, se passarmos para o recinto mais amplo da espécie humana, vemos que o índice objecto de agressão não se dilui pelo simples facto de o tornarmos extensivo ao homem. Isto é, a espécie agride indiscriminadamente, não em função do sexo ou de outras variáveis consideradas de per si. Agride, fundamentalmente, por duas razões: quando não consegue atingir os seus objectivos, sejam eles motivados por necessidades reais ou por necessidades induzidas (pela publicidade, por exemplo), por necessidades imediatas (do próprio) ou por necessidades de atalho (que, geralmente, beneficiam terceiros); e agride quando sente a sua segurança ameaçada. Do silêncio que pretende ignorar, ao insulto que pretende amesquinhar, do soco que pretende neutralizar, à guerra que pretende destruir, toda a agressão se explica por aquelas duas razões ? concluem diversos estudos feitos pelos investigadores da área comportamental. E, neste encadeamento agressivo, nem sempre a frustração ou a insegurança se traduzem em actos sobre aquilo que as origina. Muitas vezes incidem sobre o objecto mais próximo (pessoa, animal, coisa ou ideia) e, sempre, sobre o mais vulnerável, mais susceptível de submissão.
Voltando ao círculo restrito da mulher, verificamos que, ou pela afirmação pacífica numa prática quotidiana, ou por acções de agitação da opinião e das instituições, a mulher tem mostrado e conseguido fazer valer as suas competências. Dificultada pela agressividade do homem, resultante duma consciência de menor preparação biológica e psicológica camuflada pela supremacia muscular, a operação tem sido difícil mas apresenta resultados positivos para a própria mulher e para a espécie no seu conjunto.
No entanto, as confusões que subsistem produzem comportamentos femininos aberrantes que se tornam nos melhores aliados das ideias e atitudes contra as quais se quer fazer frente.
Para muitas mulheres, a emancipação, no sentido da assunção plena do seu papel, do seu estatuto, dos seus direitos como mulheres e como pessoas, passa, ainda, pela cópia do modelo masculino, suplantando-o naquilo que ele tem de pior. As mulheres estão a fumar assustadoramente mais, a beber assustadoramente mais, a desleixar-se assustadoramente mais na compustura do porte, da palavra e do gesto, exibindo, por exemplo, o insulto verbalizado ao volante como um emblema de igualdade. Numa destas manhãs assisti à cena degradante de uma ?senhora? num automóvel reluzente a desbocar um palavrão de primeira instância para outra condutora, acompanhando a palavra de um gesto de três dedos, para que não restassem dúvidas quanto à intenção.
Neste processo de "identificação com o agressor", a cópia no feminino do pior do masculino não conduz à emancipação nem é sinal de liberdade; pelo contrário, contribui apenas para perpetuar o Dia Internacional da Mulher-menor.
Para as mulheres que gostam de ser mártires desse dia não vai o meu apreço, nem como homem, nem como pessoa. Às mulheres para quem a inteligência, o afecto, o carinho e o sorriso, o profissionalismo, o corpo e o espírito como um todo, são instrumentos que fazem de cada dia mais um Dia da Mulher e do Homem, a essas, o meu obrigado por serem Mulheres.

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