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APARAS DE ESCRITA: FUNDAMENTALISMOS

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quinta-feira, setembro 21, 2006

FUNDAMENTALISMOS


Apesar de ser ainda recente a sua projecção para o topo de carreira na hierarquia da Igreja Católica Apostólica Romana, Bento XVI já conseguiu armar duas confusões com os irmãos Muçulmanos.

A primeira vez que Bento XVI afrontou o Islão foi em Julho de 2005, através de um telegrama enviado a Londres em que exprimia o seu pesar pelos atentados terroristas ao metropolitano no dia 7 desse mês. No texto, o papa deplorava aqueles "actos desumanos e anticristãos".
Segundo testemunhas dessa época, à hora do ocorrido os passageiros seriam, em grande parte, maometanos.
Perante os protestos dos islâmicos quanto à expressão "actos anticristãos", o Vaticano apresentou à comunicação social um segundo telegrama que dizia ser o autêntico, tentando, assim, apagar o constrangimento causado pelo primeiro.
Com a conivência de alguma imprensa, em sentido lato, que nunca se retratou, jamais se soube, com rigor, qual das redacções era a original.
O incidente foi esquecido, pelo menos aparentemente, mas Bento XVI não colheu ensinamentos da experiência, e continuou a ser incapaz de refrear a sua opinião - há muito posta de lado, mesmo por sectores da Igreja Católica - de que só há salvação possível no cristianismo.
E, um ano depois, parecendo ignorar que algumas opiniões são evitáveis na verbalização, por bom senso, a bem do bom convívio, e esquecendo que o que se diz, mesmo à porta fechada, rapidamente salta para a praça da aldeia global chamada Terra, Bento XVI lança mão dum alfarrábio do séc. XIV e diz, não à porta fechada mas para quem quis ouvir, que Maomé só teria trazido atrocidades, crimes e injustiças ao mundo. Por outras palavras, foi isto.
Desta vez os muçulmanos reagiram violentamente (imagine-se como se pronunciaria o Vaticano se o mais alto representante do islamismo apregoasse à boca cheia que Jesus Cristo fora um malandrim), e exigiram um pedido de desculpas públicas do papa, o que faz sentido, porquanto a acusação do papa foi pública também.
Em vez disso, o Vaticano emite um boletim em que lamenta a ira provocada, mas isto não satisfaz os ofendidos. Diz, então, que é preciso não retirar as afirmações do contexto, mas ninguém é capaz de divulgar o tal contexto.
Bento XVI acaba por afirmar, à laia de desculpa esfarrapada, e ignorando o pedido de desculpas públicas, que mencionou o autor do séc. XIV, mas não concorda com ele...
Cabe, então, perguntar: se não concorda com ele, referiu-o porquê e para quê? Em que contexto? Por que não revelam de uma vez por todas esse contexto que anda a servir de pára-choques?
Contextos à parte, a infeliz inconveniência diplomática, para não falar do absurdo ideológico em que assenta, ou não tenha sido Bento XVI, durante anos e anos, o guardião de uma moral retrógrada e o responsável pela Santa Inquisição dos tempos modernos, começou a provocar estragos cujo alcance e dimensão é impossível, ainda, prever.
É verdade que todo o Vaticano está mobilizado para acalmar as iras por esse mundo fora. Mas igrejas cristãs alvo de atentado, perseguições, embora incipientes, e uma grande agitação popular no mundo islâmico, com ameaças sérias, começaram a dar forma aquilo que poderá vir a tornar-se um furacão.
Com as suas declarações, de falas mansas mas carregadas de veneno, teve a habilidade, escusada, de lançar mais uma acha na já bem ardente fogueira onde fervilha o ódio da maioria dos muçulmanos ao Ocidente. E, se até ao momento, esse ódio tinha por objecto preferencial os EUA (em particular de Bush) e Israel como seu braço armado no Médio Oriente, agora é todo o Ocidente que se vê envolvido e apanha pela mesma medida.
Parece que Bento XVI e Bush poderiam constituir uma sociedade de irresponsabilidade ilimitada com vista a uma cada vez maior desestabilização e ruptura do tecido mundial, já de si tão puído pela fome, pela doença, por vários tipos de miséria, pelo analfabetismo, real e funcional, pela assimetria de necessidades entre povos e intra povos, aproveitados por fanáticos locais e oportunistas internacionais para enriquecer com a altamente rendível indústria da guerra.
Aquilo de que o planeta menos precisa é de um confronto entre fundamentalismos, sejam eles quais forem. Mas, a que se assiste neste triste episódio, é, afinal, ao confronto, sim, entre duas posições radicais. E, desse confronto, com certeza que nada de bom resultará para a Humanidade, sem religião ou com ela, seja ela qual for.

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