A MATANÇA DOS INOCENTES, O SILÊNCIO DOS INDECENTES, E OUTRAS DENÚNCIAS URGENTES [Caderno de Viagens]
No dia 11 de Setembro de 2001, almoçava tranquilamente em Portugal, no refeitório do bem apetrechado quartel dos Bombeiros Voluntários de Oeiras, entre Lisboa e Cascais, onde colhia notas para uma reportagem sobre os voluntários soldados da paz, quando a televisão mostrou os efeitos do choque de um avião contra a primeira das Torres Gémeas de Manhatten, e, pouco depois, o impacto de outro avião sobre a segunda torre.
De imediato, a rede terrorista Al Qaeda, do saudita bin Laden, reivindicou a acção, logo considerada pelo mundo como o maior atentado da história da humanidade.
No dia 17 de Julho de 2007, perto do Recife, preparava-me para colectar das estações de tv as principais notícias do fim da tarde, quando o monitor mostrou uma cena semelhante: um grande avião de passageiros acabara de penetrar num edifício perto do aeroporto de Congonhas, em São Paulo, o maior e mais movimentado de todos os aeroportos brasileiros (15 milhões de passageiros por ano).
Apesar de o Brasil ser um país pacífico, não comprometido com apoios à política americana de Bush, nunca se sabe, nunca se percebe muito bem a lógica terrorista, e pensei num atentado semelhante, por razões a esclarecer, ao do 11 de Setembro em NY.
Mas, com a evolução das reportagens nas várias emissoras de televisão e rádio a que tive acesso, depressa percebi que os criminosos eram outros, pertenciam às altas esferas das decisões políticas, administrativas e empresariais do Brasil, e viviam matando de várias formas, a coberto da impunidade dos seus cargos e da protecção comprada pela corrupção.
[ver as crónicas "A aviação brasileira anda nas nuvens", de 14/12/2006, e "A aviação brasileira anda nas nuvens 2", de 26/06/2007]