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APARAS DE ESCRITA: PP

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sexta-feira, dezembro 16, 2005

PP


PP não quer dizer partido popular, nem partido do progresso, nem partido pequeno, nem sequer partido político.
Também não significa próprio, nem propriedade, nem proprietário.
Não pretende ser primeira página, nem páginas, proporção, próximo passado, nem pós-parto.
Muito menos deseja ser interpretado como p... que os p..., embora alguns alvos mereçam quase permanentemente esse tiro.
Não está colado a qualquer conjunto que uma rápida associação de ideias possa sugerir.
Enfim, "pp", no âmbito desta crónica, vale por "paz podre". Talvez algum pudor, ou o receio de que a conotação fétida da expressão num título assim poluísse o texto, levou-me a escolher para esse título apenas as duas iniciais.
Quanto ao escrito, ele foi-me sugerido por um pequeno calendário oferecido numa livraria, por conta de uma aquisição que fiz. Lê-se no verso da indicação dos meses, a todo o tamanho do rectangulozinho, "Felizes os que promovem a paz".
Bonito. Muito bonito mesmo. No entanto, pela linha editorial da livraria, dei comigo a perguntar-me a que tipo de paz estariam a referir-se.
Paz de espírito, individual, íntima? Paz entre pessoas, nas famílias, nas empresas, nas variadas organizações e nos diversos grupos por onde a actividade humana se espraia? Paz entre as regiões, entre as nações, entre blocos politico-económicos, paz no planeta?
Num mundo perturbado que, por arrastamento, nos perturba, promover a paz onde há contenda é meritório e exemplo a seguir. Alimenta o empenho, o esforço, o aplauso e o prémio. A comunidade reconhece-o. O prémio Nobel atesta-o.
Mas há uma paz pouco referida, apesar de muito disseminada: precisamente a paz podre, assunto, como já se viu, desta crónica.
Geralmente resultante de um domínio de silêncio exercido por alguém ou algum grupo sobre terceiro ou terceiros, o que não exclui de mim sobre mim próprio, a paz podre é camuflagem de exploração, estagnação, manutenção da ordem estabelecida pelo dominador.
Tanto pode residir no indivíduo, como no casal; na família, como na empresa; nos países, como nas organizações internacionais.
A paz podre está no extremo oposto da guerra santa, seja ela de figurino antigo, tipo cruzadas, seja no esquema mais recente de que os americanos são férteis criadores e incansáveis utilizadores.
É verdade que não há guerra santa, seja qual for o santo que a patrocine (mesmo sem querer). Toda a guerra é balbúrdia, medo, destruição, morte que satura de injustiça quem a sofre.
É verdade também que, por vezes, demasiadas vezes, não é possível evitar ser incluído numa guerra por um agressor forte, aguerrido e surdo ao diálogo. Aliás, diálogo é o que ele não quer, precisamente para dar seguimento à guerra e poder perpetuá-la até conseguir os seus intentos.
Porém, do mesmo modo, a paz podre é um foco de sofrimentos, tanto próprios, como alheios, ao impedir a evolução, a criatividade e o crescimento pessoal e colectivo.
A paz podre faz apodrecer, por sua vez, as relações, e propicia a voragem que desemboca numa verdadeira canibalização: o homem engole e digere, subsequentemente, o homem.
Assim, ao recordar-me do pequeno calendário, "felizes os que promovem a paz", eu penso na importância e, portanto, na necessidade de substituir uma paz podre, toda a paz podre, por uma paz efectiva, uma paz limpa.
Mas como proceder a essa substituição? E se ela, por acaso das circunstâncias, exigir luta?
A paz podre assemelha-se a uma gangrena: por vezes é preciso cortar o membro para salvar o corpo.
Não me compete a mim, mas sim a cada um, quer ao nível pessoal, quer na qualidade de membro de um grupo, seja lá ele qual for, mais restrito, ou mais alargado, decidir sobre os métodos e os instrumentos a utilizar em semelhante operação. A consciência é pródiga em dar respostas, desde que lhe perguntemos. No entanto, parece-me poder sugerir, sem medo de parecer conselheiro, papel que não pretendo nem quero assumir, uma linha de negociação do tipo ganhas tu - ganho eu, em vez daquele geralmente procurado e prosseguido ganho eu ? perdes tu.
Como tudo o que é podre, a paz podre tem a sua origem na morte, literal ou figurada.
Em compensação, como tudo o que é morte, pode transformar-se noutro tipo de vida; esse o seu mérito, se tal for aproveitado. Que sirva, pois, de trampolim para um salto qualitativo que projecte para uma paz de franca saúde.
Nesta perspectiva, embora aparente ser contraditório, poderemos ser optimistas se tivermos consciência de alguma paz podre na nossa vida, pois nessa consciência reside um princípio de transformação positiva.

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