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APARAS DE ESCRITA: OUTRA VEZ NATAL

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segunda-feira, dezembro 19, 2005

OUTRA VEZ NATAL


A época do Natal, apesar do cunho cristão das suas origens, e da mensagem de Esperança, Paz e Amor que tenta ainda passar, é, cada vez mais, um evento comercial usado para tentar salvar do sufoco as empresas, em particular as pequenas e as micro, que durante a maior parte do ano se debatem com índices assustadores de recessão nos respectivos negócios. Daí à hipocrisia vai um passo curto.
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Esta pequena bola de rocha, água, gases, plantas, animais e gente, que se chama Terra, uma partícula ínfima entre as tantas, tantas que não sabemos quantas são, que povoam o universo, está prestes a completar mais 365 voltas sobre si própria em grande velocidade.
Com tanto rodopio, não é de estranhar que a loucura seja uma evidência na sua superfície.
Em Portugal, Mário Soares quer ser presidente da República.
Na Alemanha, dois partidos politicamente opostos pretendem partilhar a governação de forma eficaz e coerente.
Na Inglaterra, polícias entram de rompante numa carruagem de metro, e matam um brasileiro com vários tiros disparados na cabeça, à queima-roupa. Por engano. Confundiram-no com quem ele não era, e recebem elogios do comando.
Na França, descendentes de imigrantes incendeiam milhares de carros ao longo de 15 noites.
No vaticano, os cardeais elegem como Papa o ex-chefe da Santa Inquisição.
No Iraque, vários advogados de defesa de Sadam são assassinados ou desaparecem.
No Líbano, opositores à influência da Síria no país morrem vítimas de homicídio directo ou atentado. A Síria diz que não tem nada com isso.
Na Austrália, manifestações violentas contra e a favor do racismo são classificadas pelo governo como actos de vandalismo.
Nos EUA, Bush declara que atacou o Iraque por ordem de Deus.
Na Venezuela, o presidente Hugo Chávez consegue a proeza de obter 75% de abstenção nas eleições legislativas, e ganhar, assim, todos os lugares do Parlamento.
No Brasil, estala o maior escândalo de corrupção político-financeira de todos os tempos, orquestrada pelo partido no poder, o Partido dos Trabalhadores (PT), e o presidente da República, Luís Inácio Lula da Silva, também presidente de honra do PT, diz que não sabe de nada.
E a tontice por aí vai. É só procurar. Melhoras, não estão à vista, nem mesmo nos prognósticos mais optimistas.
Mas a verdade é que nesta altura do ano não se pensa muito nisso.
A árvore de Natal, provavelmente a mesma do ano passado, de arame e plástico, inodora, fria ao tacto, está pronta para receber as gambiarras de luzinhas coloridas, a acender e a apagar ao ritmo do tinir cristalino de sininhos, e as compridas grinaldas faiscantes de ouro e prata com bolas espelhadas de cores fortes.
Saem dos sótãos as caixas de sapatos onde dormiram mais um ano, embrulhadas em jornal, as figurinhas do presépio.
É a época das correrias loucas nas compras de presentes, e na preparação da Consoada.
É a época propícia à reflexão sobre a suposta fraternidade universal. Uma fraternidade que acaba por se manifestar na forma comezinha de uma maior gorjeta, ou na oferta oportuna daquele sobretudo puído, já no fio, que só está a ocupar espaço no roupeiro, e daqueles sapatos cambados que não aguentam mais meias solas.
É a época da caridadezinha autopromocional, projectada na distribuição de comida e agasalho aos despedidos da globalização.
É a época da lembrança dos marginalizados, dos pobres, dos miseráveis, enquanto se rega o bacalhau com azeite extravirgem, ou se trincha o peru.
É a época em que, por preguiça ou cobardia, tudo se desculpa, mesmo o indesculpável.
É a época da palmadinha nas costas, sem calor, do sorriso da boca, mas não dos olhos.
É a época dos discursos públicos e privados, com votos de coisas impossíveis.
É a época dos cartões com desenhos ingénuos e sentimentais que é preciso enviar senão parece mal.
É uma época de coisas boas e felizes para os que têm acesso a elas durante o ano todo.
Para os outros, a maioria, é outra vez Natal, a época que anuncia que tudo vai continuar na mesma.

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