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APARAS DE ESCRITA: abril 2000

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quarta-feira, abril 05, 2000

ESCULPIR NO PAPEL, ESCREVER NA PEDRA


Quem passou há pouco tempo, até 25 de Março, pelo Centro Cultural São Lourenço, em Almancil, (Algarve), pôde apreciar uma exposição colectiva de pintura, gravura e escultura de reputados artistas, nacionais e estrangeiros. Dentre estes, um nome fez soar imaginárias campainhas - Günter Grass - não tanto devido à familiaridade a que habituou, desde há bastante tempo, os frequentadores dessa Galeria mas, principalmente, porque foi grande notícia recente em todo o mundo: a este alemão de 72 anos que ama Portugal e aqui reside durante longos períodos foi, enfim, atribuído o Nobel da Literatura (1999), após várias propostas sem sucesso para a láurea, a última das quais, dada como certa e comunicada pessoalmente por uma rádio dez minutos antes da decisão final, acabaria por ser preterida em favor de José Saramago. Curiosamente, Saramago trabalhava na Editora Estúdios Cor quando, há 30 anos, esta Editora publicou o romance de Grass "O Tambor", a obra que o deu a conhecer internacionalmente.Os dois escritores são amigos e estiveram juntos num debate público em Lisboa, em Outubro de 98. Ambos de acordo quanto ao gosto por contar histórias, por ficcionar o lado oculto da História, assumidamente ao lado dos vencidos da História; ambos de acordo quanto à pouca (nenhuma) importância que dão aos críticos literários, a quem acusam da preocupação última de rotular e da utilização de um discurso impenetrável que acaba por nada dizer; ambos de acordo na crítica à globalização e ao capitalismo autoritário. Politicamente, em desacordo: por exemplo, Grass quer acreditar numa Alemanha diferente liderada por Schroeder; para Saramago isso não é possível porque tudo obedece à estratégia da economia de mercado desenhada por Bruxelas.
Numa das edições do início do ano passado do jornal "A Folha de São Paulo", Grass ocupava a 34ª posição numa lista de 100 romances considerados os melhores do século, com o "O Tambor," de 1959 (o primeiro é "Ulisses", 1922, de James Joyce, e o centésimo "Os Cus de Judas", 1980, de António Lobo Antunes; Saramago surge na posição 98 com "Memorial do Convento", 1982).
Nascido em 1927, em Danzig (Gdzank, porto no norte da Polónia, aberto para o Báltico), a sua ascendência é germano-polaca. Combateu na II Guerra Mundial e esteve prisioneiro dos Americanos de 1944 a 1946. Foi trabalhador agrícola e mineiro. Depois estudou artes plásticas em Düsseldorf e em Berlim. Entre 1956 e 1959 ganhou a vida como escultor, desenhador e escritor, primeiro em Paris, depois em Berlim. Iniciou a actividade literária lendo poemas no "Grupo 47", movimento contestatário ao qual aderiu e a quem prestou homenagem mais tarde em "Treffen in Telgte" (Encontro em Telgte). Estreou-se como poeta em 1956 e como dramaturgo em 1957. A sua vasta produção, no entanto, ancora, principalmente, no romance. Com o já referido "O Tambor" (transposto para o cinema pelo realizador Schlöndorff), os romances "O Gato e o Rato" e "Anos de Cão" integram a chamada "Trilogia de Danzig", literatura polémica de compromisso político, compromisso em que sempre assumiu a defesa dos valores do humanismo e das liberdades democráticas, contra os extremismos, quer de direita, quer de esquerda.
Nos anos 60 esteve mais ligado à política activa e participou nas campanhas eleitorais a favor da social-democracia alemã e de Willy Brandt. Mais tarde, em 1972, no "Diário dum Caracol", descreve as eleições alemãs de 1969 e as suas vivências dessa época no Partido Social Democrata.
De 1983 a 1986 foi presidente da Academia das Artes de Berlim.
Enquanto artista gráfico, são de sua autoria capas e ilustrações de muitos dos seus livros.
Recebeu vários prémios, destacando-se o Prémio do Grupo 47 (1958), prémio do melhor livro estrangeiro (1962), prémio Büchner (1965), prémio Fontane (1968), Premio Internazionale Mondello (1977), Alexander-Majakowski-Medaille (Gdansk, 1979) prémio Antonio-Feltrinelli (1982) e o Großer Literaturpreis der Bayerischen Akademie (O Grande Prémio da Academia da Baviera) (1994).
É Doutor Honoris Causa das Universidades de Kenyon College, Harvard, Poznan e Gdansk.

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